Por Cris Camilo
“Zezinho, Zezinho, Zezinho”! Foi assim, ao som de gritos ansiosos que o menino Zezinho adentrou ao pátio da escola EMI Rosinha, sob olhares curiosos e vidrados de várias crianças com idades de três e cinco anos.
No primeiro momento, o menino Zezinho foi com uma empatia fora do comum, pontuando as regras e combinados, e as crianças, atentamente puderam entender e assimilar as indicações para que o espetáculo “Zezinho na Palhaçolândia” se desenrolasse com sucesso.





Interessante perceber que o menino Zezinho cria, desde o princípio, uma afinidade com os alunos, talvez, por ser também uma “criança”, ele acaba por estabelecer uma conexão de identidade e respeito.
Pedagogicamente, ao longo do espetáculo “Zezinho” foi ludicamente abordando situações que estimularam as crianças a pensar e refletir, como o uso da palavra no momento certo, a tonalidade da voz, a importância dos estudos, a pensar no que cada um quer ser quando crescer, a prática da autonomia e da livre escolha através da brincadeira de selecionar as vestes do palhaço, a importância da votação e do respeito à democracia. Criou situações engraçadas envolvendo o tema da higiene. Estimulou a contagem e recontagem. Foram inúmeros os incentivos, e os alunos, dentro desse contexto foram assimilando organicamente cada informação, pois tudo estava inserido dentro do universo em que vivem.
O início do espetáculo se deu através do menino contando a sua preguiça de acordar e o incentivo diário da mãe pontuando a importância de acordar cedo para ir à escola, para ser alguém na vida. Através do incentivo da mãe e da professora, o menino descobriu que gostaria de trabalhar com algo que o deixasse feliz e alegre. Descobriu que queria ser um palhaço!
A partir daí o ator Henrique Cardim foi desmistificando a imagem e a fobia que as crianças tem do palhaço, foi mostrando passo a passo como era feita a criação do “palhaço Zezinho”. Não teve espaço para medo ou lágrimas e sim para a manifestação sensível da criatividade por parte dos alunos. Importante ressaltar que a todo o momento as crianças tiveram a oportunidade de argumentar e contra argumentar e criar democraticamente um palhaço respeitado as escolhas.
Durante todo o espetáculo, os alunos riram e se divertiram com cada mágica e brincadeira, e foram tantas, o jogo com as claves, o malabarismo com as bolas e círculos, prato giratório, mágica com a moeda invisível, malabares com diversos objetos com tamanhos e pesos diferentes, etc.
Um dos pontos lúdicos do espetáculo foi a rica contação do processo de transformação da lagarta em borboleta e a imagem criada com dois tecidos coloridos. As crianças ficaram extasiadas!
O clímax do espetáculo e o desfecho final se deu com uma mensagem muito simbólica, para as crianças e para os adultos. Zezinho pontuou que todo o adulto já foi criança um dia, e que é preciso aproveitar e brincar muito pois quando a criança cresce e se torna um adulto chegam as responsabilidades, e as brincadeiras ficam para trás. Já os adultos foram convidados a lembrar das brincadeiras de infância, dos dias felizes e esquecidos. “O mundo é das crianças, vamos preparar um mundo melhor para receber essas crianças”. Ao final Zezinho saiu voando com o símbolo da paz.
Após o espetáculo as crianças foram convidadas a reproduzir através do desenho e da pintura a história do menino Zezinho. Os resultados foram de encher os olhos e o coração, tamanha criatividade e sensibilidade em cada expressão.
Este espetáculo além de lúdico apresenta-se muito educativo pois leva a criança a refletir, fica evidenciado o estimulo e a importância do desenvolvimento do diálogo, a descoberta da identidade, a importância de se trabalhar com algo que desperte a alegria e a felicidade, quebra a fobia da imagem do palhaço, estimula o controle dos impulsos, a consciência das inúmeras possibilidades de expressão, estimula a criatividade, a espontaneidade, a iniciativa, o desenvolvimento da linguagem oral, a compreensão das situações e dos momentos certos de intervir no desenrolar dos acontecimentos, a socialização, a expressão corporal.
O que se pode observar é que as crianças são respeitadas e estimuladas a serem participativas e questionadoras a todo momento.
Lindo espetáculo e lindo trabalho. Vida longa ao Castelo das Artes!