cONTAÇÃO DE HISTÓRIAS CAIÇARA

Há mais de 10 anos começamos a contar histórias caiçara a partir do momento que compreendemos que como Caiçaras ouvimos as histórias dos nossos avós, bisavós, amigos pescadores, senhoras que convivemos nos bairros e que as novas gerações talvez não tenham o mesmo contato com essa forma tão singela de perpetuar nossas memórias.

Vamos às escolas, as praças, aos pontos turísticos, aos ranchos de pesca, aos festejos e repassamos nossas lendas, mitos, causos, lembranças da cultura tradicional presente no litoral paulista, passados de geração em geração.

Criamos uma estética própria para destacar e marcar este momento em que o conhecimento é transmitido e, ainda, buscamos fazê-lo reafirmando nossa identidade de povo conversador e gentil que sempre está disposto a compartilhar e agregar. Em meio ao processo de contar histórias nosso repertório vai se retroalimentando, pois também ao falar um acontecimento geralmente alguém quer compartilhar ao final seu saber que ouviu de alguém.

vivências tradicionais

O grupo também está junto de mestres e de parceiros para conhecer mais da música tradicional, do artesanato, da pesca, dos festejos, da gastronomia, para viver a diversidade que compõe o nosso território e poder divulgar e evidenciar quem faz e o que é feito por quem ainda mantém viva nossa história.

Além de aprender por meio de oficinas e encontros, também continuamos nos organizando para, sempre que possível, nos reunir para realizar as práticas e ‘re-vivenciar’ as experiências.

ARTE COMO HOLOFOTE

Nascemos caiçara e somos artista, não podemos mudar que a arte nos impulsiona e nos alegra a vida e que nossas raízes nos mantém fortes e firmes com um propósito a seguir, assim, essa fusão só nos orgulha por acreditarmos que a arte é um grande holofote que nos ajuda a projetar nossa cultura para o mundo.

Poder ter as técnicas das artes cênicas, as artes visuais, a música, a dança como grandes aliados para a construção e apresentação das nossas propostas e de divulgar nossa vida tradicional a beira mar nos traz grande felicidade.

paisagens caiçara

Todos os cenários e materiais são produzidos pelos próprios artistas e nossos cenários revisitam as paisagens da região, nossos coloridos, nossos relevos, nossas texturas e composições.

Essas paisagens que são transbordadas ora em painéis, ora em instalações, ora em releituras cenográficas são a partir do nosso olhar e sentir de se viver aqui.

Buscamos com isso levar para outros lugares o que esses horizontes nos move e traduzir que as ações e as histórias estão diretamente ligadas ao mar, ao céu, a mata e a toda a natureza preservada que nos cerca.

pesquisa junto aos caiçaras

Há mais de 15 anos a Cia. vem pesquisando junto aos caiçaras os modos e costumes tradicionais locais. Somos caiçaras e vivemos no litoral norte paulista.

Os pescadores e pescadoras, artesãos e artesãs, mestres canoeiros, poetas e poetizas, cozinheiras e cozinheiros, agricultores e agricultoras, entre outros detentores dos saberes locais são pessoas da nossa vida cotidiana, amigos, parentes, “compadres e comadres” dos nossos pais e avós, e estão presentes no nosso dia a dia, mas antes essa vivência era orgânica, ainda é, mas a partir do momento que decidimos organizar as informações para levar às pessoas por meio de arte e ações culturais este contato, além de orgânico, se tornou visitas e registros que se acumulam e se veem no nosso repertório.

Para nós é uma honra poder desenvolver esta ação e acreditamos que estamos ajudando no fortalecimento desta identidade e que as pessoas tenham o olhar cada vez mais atento para esta cultura.

investindo na nossa economia criativa tradicional

Desde que iniciamos nosso trabalho de fortalecimento da cultura caiçara por meio da difusão e fruição artístico-cultural, pensamos em formas de fortalecer nossa cadeia produtiva dos criativos ligados a nossas tradições.

Com isso, todos os materiais que usamos para compor a estética das apresentações e dos eventos, como também das demais ações que são ligados a nossa identidade territorial são adquiridos dos nossos mestres e mestras que seguem produzindo.

Também colocamos ao lado de cada objeto uma etiqueta que explica sua origem e como entrar em contato com os artesãos para estimular que as pessoas os procurem e invistam nos diversos fazeres locais.

descobrindo a ancestralidade

A partir da pesquisa, o membros do grupo descobriram suas raízes, aprendem dia após dia a valorizar mais sua cultura e lutar para manter viva a memória e as tradições.

É um processo constante e de grande aprendizado e ligação com a vida, o povo e a natureza. O que começou com artistas contando histórias foi se tornando ao longo dos anos laços profundos com nossa ancestralidade, conexões geracionais e/ou com o território que foi nos mostrando que não é a toa que, por exemplo, nós sabemos quando vai chover, ou como outros dizes, que o tempo ‘vai virar’, ou como falamos por aqui, que vai vir ‘aquela tribuzana’.

Essa conexão nos mostrou que estamos dando continuidade a algo muito caiçara, ensinar e repassar conhecimento contando histórias e mantendo viva nossa memória.

ligações culturais

Nossas atividades também buscam estudar nosso percurso com as ligações culturais que envolvem o desenvolvimento da nossa história local. As ligações do povo com as transformações, com a espiritualidade, a religiosidade, a fé, o trabalho, a família, a comunidade, o progresso, novas culturas.